Saudação

terça-feira, 29 de junho de 2010

DIREITO E CIDADANIA : PROFº JOANILSON


Artigo publicado originalmente na revista O PODER.


A profissão, a vocação e o embuste*

Joanilson de Paula Rego


Algumas pessoas nascem com uma inclinação irresistível para uma profissão, reunindo, para tal, habilidades, atitudes, domínio das técnicas e determinação para assumir as responsabilidades exigidas peloofício. Às vezes, as circunstâncias, ou melhor, o destino, não enseja a realização da vocação e aquele apelo interior fica como que sobrestado, aguardando o surgimento das possibilidades externas. Seja como for, é belíssimo o chamamento, o desejo, o ideal. Na verdade, o advogado ganha uma causa, quando a justiça prevalece sobre o interesse menor de quem quer que seja, até mesmo o seu cliente. É a universalização do sentimento de justiça. Em outro exemplo, a disseminação de idéias, de opiniões e até de doutrinas na análise dos fatos produzidos pela sociedade deveriam, também, sempre vir acompanhadas de critérios como o respeito aos princípios democráticos, à responsabilidade civil e ao direito de expressão, todos previstos na Lei maior, a Constituição Federal. Ocorre que, em alguns casos, estes princípios universais são atropelados. Antigas e recorrentes práticas de determinados atores do cenário político atentam contra a liberdade e ao legítimo direito de manifestação. No jogo para impor uma idéia particular, uma condição pré-definida, muitas vezes apenas pelos interesses pessoais, vale quase tudo,inclusive a pura e vil omissão. Não se trata, aqui, de questionar o direito de opinião, de pensardiferente, de se manifestar sobre os mais diversos temas. Trata-se de, na missão de informar o cidadão, levar ao grande público os acontecimentos, a efervescência das idéias, as alternativas que estão colocadas à apreciação do leitor e do eleitor. Pautar a ocupação dos espaços nos meios de comunicação apenas pela conveniência pessoal ou familiar, cerceando o amplo debate, acontraposição de opiniões, as análises dos diferentes pontos de vista, se assemelha a um ato de censura prévia, de discriminação, que ninguémmais aceita, e que leva a acreditar na opção pela prevalência do embuste sobre a veracidade dos fatos, violando a beleza da profissão e a sublimidade da vocação. Seja qual for a profissão, o compromisso com a verdade plena, será sempre a forma mais digna de exercê-la.

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